IMAGINÁRIO SOCIAL E O IDOSO

 
 

Hoje estamos vivendo em um cenário social onde a velhice já se caracteriza como não sendo mais um privilégio de poucos. Sabemos que a expectativa de vida vem aumentando a cada ano, mas infelizmente nos deparávamos com uma realidade social pouco favorável frente ao envelhecimento. Afinal, o ser velho representa um conjunto de atribuições negativas que estão ligadas ao conceito do senso comum de velhice que acaba contribuindo para o idoso se sentir improdutivo. Diante desse cenário podemos citar algumas atribuições ao idoso que o imaginário social postula: o velho está associado a pouca qualidade de vida, perdas que levam à ruptura e ao isolamento, dificuldades decorrentes a valores ultrapassados, imagem negativa do aposentado que leva ao significado de um final de vida, falta de capacidade pessoal e que necessita de cuidados, sem força, sem vontade, sem vida, doente, incapacitado e que por todos esses motivos fez opção pela passividade. Certo dizer, que essa visão é ultrapassada perante o contexto social em que vivemos. Cabe aqui um parêntese, cujo desígnio é chamar a atenção para um movimento que vem se delineando na atualidade, sinalizando uma valorização do idoso. Apesar de que ainda configura-se uma desqualificação do idoso, que vai nos levar a estigmatização causando-lhes uma visão distorcida sobre a responsabilidade por sua exclusão. Devemos lembrar que cada velhice tem suas peculiaridades próprias decorrentes da história de vida de cada um e do contexto social que cada indivíduo está inserido. Em contra partida ao movimento de oposição à velhice e toda a representação social negativa que lhe traz consigo, a expressão Terceira idade, uma criação da sociedade contemporânea que oficialmente começa aos sessenta anos, vislumbramos um aumento da longevidade, que por sua vez, esta associada a diversas políticas públicas que auxilia no campo social e da saúde do idoso. Com isso, estamos criando uma redefinição do conceito e das concepções sobre o envelhecimento que devem estar associadas ao prazer e às realizações pessoais. Nesse sentido a nomenclatura Terceira Idade traz consigo uma convocação a práticas de atenção e cuidados com a saúde, vida social ativa e exercício da cidadania na busca de um envelhecimento visando melhor qualidade de vida. Portanto, podemos pensar que o imaginário social a cerca do envelhecimento vem sofrendo uma modificação que se dá pela constante busca da argumentação que favorece para a formação de um novo imaginário social por meio de um sistema simbólico responsável para modificações das identidades coletivas, que são ampliadas e canalizadas para os interesses de um grupo. Desta forma, pode-se afirmar que as representações sociais determina a forma como a sociedade encara o processo de envelhecimento, o valor dado ao indivíduo que envelhece e ao velho.

 

Texto publicado no Jornal A Comarca de Mogi Mirim